Queda de Idosos: Entenda os riscos e saiba como evitar

Dra. Natália Sardinha, do Pronto-Socorro do Hospital Estadual de Trindade (Hetrin) orienta idosos e familiares, unidade gerida pelo IMED -Insituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento

Médica do Hetrin explica a importância de sempre avaliar e revisar o ambiente domiciliar

Com o aumento da população idosa no Brasil, que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) tornará o país o sexto no mundo em número de pessoas na terceira idade até 2025, também cresce o número de acidentes domésticos e óbitos. Entre 2022 e 2023, segundo dados do Ministério da Saúde, o número de idosos que caíram da própria altura praticamente dobrou, saltando de 4.816 para 9.592 casos.

Diante desse cenário, é crucial redobrar a atenção aos cuidados básicos relacionados à locomoção, moradia e atividades que possam colocar os idosos em risco. Todos os familiares devem participar da prevenção, auxiliando na organização do ambiente, evitando brinquedos espalhados, pisos desnivelados e escadas sem proteção.

A Dra. Natália Sardinha, do Pronto-Socorro do Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), alerta que uma queda pode indicar problemas de saúde mais graves além das consequências motoras. “O idoso pode perder a autonomia, como a capacidade de cozinhar, tomar banho e se vestir. Vale lembrar que a queda pode ser um indício de uma doença aguda, sendo fundamental procurar um médico”, explica.

Revisão: a palavra – chave

Os dados do Censo Demográfico 2022, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que 10,9% da população residente no Brasil tem mais de 65 anos, o maior percentual registrado desde 1872. Com esse aumento, a Dra. Natália Sardinha destaca que a revisão periódica das condições de saúde dos idosos é fundamental para garantir um processo de cuidado mais eficaz, promovendo o bem-estar e assegurando a qualidade de vida durante o envelhecimento.

“Muitas vezes, o idoso está bem hoje, mas em dois ou três meses sua condição pode piorar. É nesse momento que ele pode sofrer uma queda, fraturar-se, ficar acamado e, consequentemente, enfrentar problemas mais graves”, esclarece a Dra. Natália.

A revisão deve ser realizada regularmente, e o papel da família é essencial nesse processo. A partir dos resultados dessas avaliações, as ações preventivas em casa são implementadas para minimizar os riscos de acidentes que possam comprometer a saúde do idoso. Os principais pontos de atenção incluem:

Visão – Realizar consultas periódicas com oftalmologista para avaliar se os óculos estão adequados ou identificar problemas como a catarata;

Audição – Fazer o exame de audiometria e avaliar a necessidade de usar aparelho auditivo;

Sistema labiríntico – Procurar o médico otorrinolaringologista para avaliar as condições do sistema responsável por nosso equilíbrio, a fim de evitar tonturas e outras complicações;

Osteomuscular – Tratar osteoporose, artrose, sarcopenia (perda da musculatura) e avaliar a necessidade de reposição de proteínas;

Neurológica – Buscar avaliação frequente com um neurologista para acompanhar o nível de cognição do idoso;

Ambiente – Revisar o domicílio a fim de trazer conforto ao idoso, evitando ambientes de difícil locomoção e cheio de obstáculos.

Cuidado familiar

Além de todo o processo de revisão para que se evite a queda, o papel da família também se estende à atenção para o socorro imediato caso algum acidente aconteça. É importante procurar sempre um hospital e, mesmo que o idoso não tenha se machucado no momento do acidente,buscar um especialista para investigar se há algum dano.

A geriatra Natália conclui instruindo que a movimentação faz parte da qualidade de vida no período do envelhecimento, por isso é necessário realizar todos os cuidados para que o idoso não tenha que parar de praticar atividades cotidianas e independentes. “Muitos idosos depois de uma queda ficam cada vez mais parados, andam menos e a família contribui para isso devido ao medo de novo acidente. Muito cuidado, precisamos continuar estimulando a movimentação para evitar uma síndrome de fragilidade e de imobilidade”, finaliza.

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